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20 agosto

Remédio é aliado ou vilão?!

Recentemente me lembrei de uma situação bizarra que ocorria comigo lá por volta de 2008/2009. Quem trabalhou/estudou/frequentou a mesma religião que eu ou conviveu comigo naquela época deve se recordar de algo bem bizarro que acontecia. Eu simplesmente dormia em QUALQUER LUGAR DE REPENTE.

Estava no meio de uma reunião?! Pronto, já estava eu dormindo!

Estava no meio de uma aula?! Dormi novamente!

Consegui um lugar para ir sentada no ônibus?! Pronto, apagava em poucos minutos. Não importava se o ônibus estava sacudindo, correndo ou não. Eu dormiria de qualquer forma.

Algumas vezes a situação era até engraçada, mas em outras era muito, mas muito constrangedor. Principalmente porque eu não tinha o menor controle, na maioria das vezes. Quando eu ia perceber, eu já estava acordando. Ou seja, tinha vezes que eu não sentia o sono vindo, só o cansaço (que era constante naquela época), simplesmente apagava e só quando eu acordava era que eu percebia que tinha sentido um sono tão forte que me fez dormir.

Nas vezes em que eu sentia que meu cansaço estava tão grande que a qualquer momento eu poderia dormir na mesa do trabalho, eu tentava “me proteger” de um constrangimento indo para o banheiro, baixava a tampa do vaso, sentava ali encostada na parede e cochilava por uns 5 – 10 min. Isso era o suficiente para eu me sentir um pouco melhor pelas próximas horas. (Pronto! Agora minha ex-chefe [atualmente amiga] e mais meus amigos do trabalho daquela época irão saber que eu cochilava no banheiro durante o expediente. 😂😂😂)

Para complicar ainda mais a situação…. Eu trabalhava com seleção e as vezes entrevistava candidatos que eram bem calmos para falar e falavam baixo. Já viu, né!? Combinação perfeita para eu dormir. Porém, quando isso ocorria, eu ficava me beliscando por baixo da mesa para me manter acordada e não dormir na cara da pessoa. Imagina como ela se sentiria mal ao ver a entrevistadora cochilando. Imaginaria que estava sendo tão chata que eu dormi e iria reprová-la. Quando na verdade o problema era comigo e não com ela.

Ao longo dos meses esta situação começou a me angustiar cada vez mais. Era um tormento me sentir constantemente cansada ou ficar me escondendo para cochilar ou ficar me beliscando para não dormir.

Eu podia dormir a tarde inteira do domingo (e muitas vezes fiz isso) que não adiantava, eu continuava cansada na segunda. Podia dormir em torno de 7h por noite, que continuava me sentindo cansada no dia seguinte.

Resolvi investigar isso com um médico clínico. Relatei todos os sintomas e inclusive o fato de que eu já tive uma anemia ferropriva severa que me fez ter sintomas semelhantes, além de queda de cabelo e dores pelo corpo.

Ele me indicou fazer exame de sangue e ultrassonografia da tireoide.

Os resultados estavam todos dentro da normalidade. Então ele resolveu me dar o diagnóstico de “preguicite aguda” e me receitar vitamina C.

Nem conto o que tive vontade de fazer com o médico + o frasco de vitamina c quando percebi que aquilo não resolvia absolutamente nada do meu problema. 😒

Meses antes quando meu processo de terapia estava sendo encerrado, comentei com o meu psicólogo sobre o cansaço constante e sonolência que eu sentia. Já que a terapia estava encerrando, eu aproveitaria para usar este dinheiro para fazer acupuntura e ver se me sentia melhor. Ele falou que de repente poderia ter mais questões que eu precisasse trabalhar para entender emoções que poderiam estar ligadas a este cansaço/sono. Desta forma, talvez devesse continuar mais um pouco na terapia para tratar especificamente este possível sintoma de alguma questão da minha psiquê. E eu falei que não percebia nenhum padrão de sentimento/pensamento relacionado com o sono, apenas o fato de eu estar sentada/parada. Que mesmo quando eu estava empolgada com uma aula, palestra ou ligação telefônica eu acabava dormindo.

Mais ou menos na época em que tentei investigar com o médico clínico, eu já vinha tentando tratar com a acupuntura e não estava tendo sucesso. A acupuntura ajudou em outras coisas pontuais, mas não nessa sonolência descontrolada.

Eu tinha um “diagnóstico” de “preguicite aguda” e um problema aparentemente sem solução.

Botei a cabeça para pensar + acessei mentalmente o conhecimento que eu tinha adquirido na pós em neuropsicologia + usei o google (aaahh!!!! Esse já me salvou de cada problemão, inclusive de saúde, que nem te conto!) e cheguei a hipótese de que eu poderia ter um distúrbio do sono. Sim! Isso fazia muito sentido já que na maioria dos dias eu ia dormir me sentindo relativamente bem e acordava me sentido pior do que na hora que fui dormir. Eu acordava moída como se tivesse corrido a noite inteira. Isso era muito esquisito.

Fui numa clínica especializada em distúrbio do sono e pensaram na possibilidade de eu ter narcolepsia. Pelos meus sintomas eu tinha algum distúrbio do sono e precisava entender exatamente o que era.

Fiz polissonografia e exame de latência múltipla do sono. Agora já dava para saber o que eu tinha…. uma qualidade de sono muito ruim, pois em torno das 5 da manhã até a hora de acordar de verdade eu deixava de ter sono profundo e tinha vários micro-despertar. Era como se eu praticamente não dormisse mais. E por isso eu me sentia tão exausta ao acordar.

Agora que uma médica especialista sabia exatamente o que eu tinha, já dava para começar a fazer um tratamento que traria resultado. Ela me explicou que começaríamos por medicações mais fracas até descobrir qual faria o resultado necessário.

Durante um mês tomei um fitoterápico só para dormir melhor. Senti diferença nenhuma e ela trocou por um remédio controlado que me ajudaria a dormir.

Comecei a pegar no sono assim que deitava. Foi um avanço, mas continuava cansada ao longo do dia.

Por fim ela prescreveu outro remédio controlado, só que este aumentava o meu estado de vigília (ficar acordada) durante o dia. Depois de uns dias eu voltei a saber o que era deitar e logo dormir, assim como, acordar me sentindo com disposição e ficar assim ao longo de todo o dia.

Tomei estes dois remédios por aproximadamente 1 anos e foi uma das melhores coisas que fiz na vida. Este distúrbio do sono foi tratado e nunca mais voltou. Minha qualidade de vida aumentou e parei de passar vexame dormindo em público sem controle.

Por que estou contando toda essa história?

Porque vejo muitas pessoas tratando remédios (principalmente aqueles que sua atuação interfere no nosso comportamento) como se fossem grandes vilões. Que a gente deveria evitar ao máximo tomar qualquer remédio deste tipo, mesmo quando temos necessidade…. As vezes acho que esta galera é a mesma que faz parte dos grupos de terraplanistas. 😳

A ciência evoluiu e pode nos ajudar muito no desenvolvimento da nossa saúde. Tomar remédio quando necessário e com a devida orientação médica pode nos fazer um bem danado.

Aaahh, mas tem os efeitos colaterais……

Sim, tem e é por isso que é importante ter a orientação médica especializada no assunto para ajudar na decisão de que o benefício da medicação pode superar os possíveis efeitos colaterais.

Quando tomei esse remédio que mantinha a minha vigília ao longo do dia, tive algumas vezes sintomas de agitação e nervosismo. E comentei com uma pessoa que meu comportamento foi diferente numa determinada situação provavelmente devido ao remédio que eu estava tomando. Ao saber que eu estava tomando 3 remédios de uso contínuo o comentário que recebi em tom de crítica foi…. “mas você não acha que é muito nova para estar tomando tanto remédio.“…. Oi!?!?!

Esta é mais uma pessoa que acha que remédio é vilão e não aliado. Provavelmente ela nunca teve uma dor (seja física ou emocional) que parecia incurável, na qual um remédio seria o melhor aliado para a pessoa se restabelecer e seguir seu caminho com mais força e saúde.

Gosto de pensar que os remédios são mesmo meus aliados. Eles não precisam ser meus amigos, alguns deles não terão uma relação intima, duradoura e de muitos anos comigo. Como foi o caso destes remédios que tomei há 10 anos, durante um ano e depois nunca mais precisei deles. Eles fizeram o trabalho deles de reequilibrar a química do meu cérebro, acertaram meu sono/vigília e depois saíram da minha vida.

Em alguns casos teremos que tomar um remédio para o resto de nossas vidas. Mas que bom que nosso caso tem tratamento com remédio e não é preciso ficar sofrendo para o resto de nossas vidas, né!? Algumas alianças serão mais duradouras do que gostaríamos, mas fazer o que, né?!

Para finalizar, quero dizer que se nas batalhas da vida eu precisar de reforços para lutar por uma causa comum, seja ela uma doença, uma dor física ou emocional intensa, que eu pelos meus próprios meios ou por alternativas….digamos mais “naturais”… não consiga dar conta, com certeza continuarei buscando reforços com os meus aliados (remédios…. inclusive os controlados….).

Imagem: Pixabay

Psicóloga e Coach. Meu objetivo é ajudar as pessoas a encontrarem novas possibilidades para ultrapassar as barreiras para a REALIZAÇÃO dos seus SONHOS, tanto profissionais quanto pessoais.

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